As questões que envolvem a necessidade de planejamento financeiro estão presentes em todas as empresas, de todos os tamanhos, em qualquer ramo de atividade. E elas são constantes, contínuas e desafiantes, podendo ganhar diferentes nuances e prioridades que estarão relacionadas ao momento da empresa e do mercado.
Empresas em fase de nascimento e consolidação demandam dos empreendedores um cuidado especial na estruturação das finanças, na formatação do sistema de apuração e controle do caixa. É o momento em que a realidade confronta os planos iniciais que originam o projeto, tanto na capacidade de gerar caixa quanto em administrar os custos do negócio.
Nas empresas mais maduras, os desafios se transformam na constante busca de melhoria, nos ganhos de produtividade, na racionalização de recursos e na busca de sua otimização. Muitas vezes essa busca é motivada pela perda de rentabilidade e de competitividade.
Pelo lado do bom desempenho, o planejamento financeiro irá apoiar um plano de crescimento. Então as questões focarão a demanda por mais capital, seja o próprio, quando a geração de caixa da empresa mostra sua capacidade de crescer organicamente, seja por um aporte adicional dos seus sócios.
Contudo, podem ser avaliadas outras alternativas, como a realização de uma captação via dívidas ou atraindo investidores externos, que poderão se tornar sócios do negócio ou do projeto específico. Esta última alternativa traz uma questão delicada, que é a recomposição do quadro societário e de todos os detalhes que impactarão a relação entre todas as partes envolvidas.
No que se refere especificamente às empresas de controle familiar – que representam a grande maioria das empresas brasileiras de todos os portes e setores da economia – além dos fatores apontados anteriormente, também existem preocupações e problemas sobre a maneira como os familiares relacionam-se com a empresa.
É muito comum nesse ambiente a mistura entre o profissional e o pessoal, quando empresários utilizam recursos financeiros e profissionais da empresa para solucionarem demandas pessoais e de sua família.
O caixa da empresa, além de pagar fornecedores, impostos e salários dos colaboradores, também paga despesas da casa dos donos, cartões de crédito pessoais, investimentos particulares, entre outros.
Essa mistura de funcionalidade é prejudicial à boa gestão financeira da empresa. Não permite a clareza necessária para identificar o quanto a empresa consegue realmente ser sustentável com sua geração de caixa, ou as carências que exigem correção de rota.
Muitas vezes encontramos familiares que trabalham no negócio, mas não têm um salário formal, compatível com sua função. Suas despesas pessoais são pagas pelo caixa da empresa, e ainda alguns donos criam alguns parâmetros particulares, tanto para controlar quanto para equiparar os gastos entre seus familiares.
Por um lado pode parecer que esta situação traz conforto, mas também pode criar um sentimento de total dependência, pois, quando alguém quiser comprar um imóvel, ou um automóvel, por exemplo, terá de recorrer à compreensão e às benesses de quem lidera a empresa e a família.
Para um profissional, uma das piores sensações que pode existir é não ter certeza de sua real capacidade de gerar recursos financeiros, por meio de seu trabalho.