O Instagram é uma das principais redes sociais usadas pelo micro e pequeno empresários para estreitar relacionamento com o consumidor. De olho nisso, a empresa desenvolveu um recurso chamado Shopping. A nova ferramenta, liberada para perfis comerciais brasileiros em março deste ano, possibilita adicionar à foto o valor do produto e ainda direciona o potencial cliente para links de pagamento (finalizando a compra dentro do aplicativo), e-commerce ou até mesmo para um contato telefônico ou endereço de e-mail. Com pouco mais de um mês em uso, alguns empreendedores enxergam melhoria nas vendas. Mas, de acordo com especialistas, para a ferramenta funcionar, é preciso traçar estratégias não apenas no ambiente online, mas também de logística e estoque, além de estabelecer uma política de vendas que esteja de acordo com o Código de Defesa do Consumidor.
O consultor de marketing do Sebrae-SP Alexandre Giraldi acredita que o recurso é uma possibilidade para microempreendedores terem uma loja online sem investimentos financeiros. “A segunda vantagem é estar ativo em uma mídia na qual os clientes se relacionam com a marca”, diz. No entanto, Giraldi alerta que é preciso ter cautela para fazer as postagens que contenham a marcação para a compra. “O Instagram não é uma rede social que foi feita para vender, foi criada para gerar interação. Então, o excesso de posts apenas com o objetivo da venda pode trazer desconforto ao seguidor. O ideal é a proporção de 80% de posts que geram interação e 20% para vendas”, afirma. O professor de administração e negócios digitais da Faculdade de Administração de empresas da Universidade de São Paulo (FEA-USP), César Alexandre de Souza, tem a mesma visão. “É preciso fazer o marketing de conteúdo. A postagem tem que contar uma história”, completa.
Com a estratégia de facilitar as vendas e migrar clientes para o e-commerce, a criadora da Cromossomo Store, marca especializada em quadros infantis personalizados, Francyne Rezende de Carvalho começou a usar o Shopping do Instagram em suas postagens desde o início. “Eu sempre vendi mais pelo Instagram do que pelo meu site. Como eu perco muito tempo falando com o pessoal via mensagens, de forma individual, acredito que a ferramenta pode me ajudar a fazer com que o cliente finalize a compra sozinho no site”, conta. Francyne realiza cerca de 150 vendas por mês. “Percebi um aumento de 10% no fluxo de pessoas no site”, diz.
Ainda de forma intuitiva, a sócia-fundadora da marca de roupas Atelier Jezebel, Sara Sampaio, passou a usar o recurso e observou que alguns seguidores ainda não se familiarizaram com a ferramenta. “Fizemos por volta de cinco postagens com a marcação, mas recebemos algumas mensagens de seguidores nos perguntando se existia venda online e até o preço.” A empreendedora também sentiu leve aumento nas vendas logo após adotar o recurso. “É extremamente fácil de usar, não tem custo extra e está inserido em uma rede que se conecta com o nosso público”, finaliza.
Orientações. Para Giraldi, o empreendedor não deve se acomodar com a ferramenta e relaxar em itens primordiais para a imagem da marca no aplicativo, como a foto e a legenda. “ A foto é o cartão de visitas da empresa e a descrição cria expectativa no processo de compra. Na legenda, eu aconselho uma ordem de construção para chamar a atenção do cliente. A primeira coisa é contar o benefício do produto. Depois, informações técnicas, como tamanho, cor, formato e material.” Além disso, ao optar por utilizar a ferramenta Shopping, o pequeno empresário precisa se preparar não apenas com o estoque, devido ao aumento na procura dos produtos que pode ou não ocorrer, mas também em todos os processos relacionados à venda. “As empresas têm de se preparar para atender pedidos que podem vir de qualquer lugar do Brasil. Por isso, é preciso especificar os locais e o tempo máximo de entrega, taxa de frete e estar sempre atento para a legislação do consumidor. Isso evita sustos”, diz o professor da FEA-USP.