Recuperação da economia virá em 2017, mas será lenta

Fonte: Gazeta do Povo
02/01/2017
Contábil

Diante do cenário político nacional e internacional incerto, refletindo na baixa confiança dos consumidores e empresários, os economistas reviram suas projeções de crescimento da economia em 2017 para baixo. O mercado chegou a esperar alta de 1,3% no próximo ano, mas agora trabalha com uma expectativa bem mais modesta: 0,5%, com a retomada acontecendo somente no segundo semestre. Se confirmado, será o fim da maior recessão da história.

As medidas econômicas adotadas pelo governo Temer, como a PEC do Teto dos Gastos Públicos e a proposta de reforma da Previdência, somadas ao fato de a inflação estar convergindo para o centro da meta, puxando um provável corte de juros já no início do próximo ano, levam os bancos Bradesco, Itaú e Santander a acreditar que haverá um crescimento, ainda que moderado, no próximo ano.

O Itaú é o mais otimista de todos e prevê uma alta de 1,5% do PIB em 2017. Já Bradesco e Santander esperam, respectivamente, 0,3% e 0,7%. O mercado na média estima alta de 0,5%, segundo o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, que ouve mais de cem instituições financeiras e calcula uma mediana dessas perspectivas.

As previsões, porém, já foram melhores e a mediana de crescimento prevista pelo mercado chegou a alcançar 1,3% no início de setembro. As estimativas mais moderadas vieram somente após a divulgação do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. O indicador caiu 0,8% entre julho e setembro deste ano, puxado principalmente pela retração do consumo das famílias e queda dos investimentos, acumulando retração de 8,4% desde o início de 2014.

A fraca atividade econômica e o aumento da incerteza política, com a delação da Odebrecht na Operação Lava Jato e o andamento das investigações da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), levaram alguns economistas a colocar como incerta a recuperação da economia no próximo ano.

“Não é possível afirmar que o PIB vai parar de cair em 2017, pois o estado de confiança dos agentes está muito abalado”, afirma Marcelo Curado, professor de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). “Vai ser um ano ruim e a gente espera que só haja alguma recuperação no segundo semestre, dependendo do andamento das questões políticas e econômicas”, completa o economista.

Para o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), “vai ficando claro para os agentes econômicos que a deterioração dos fundamentos econômicos foi profunda e disseminada, e que a agenda do ajuste fiscal só lentamente será capaz de reverter toda essa piora”.
 

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